6º DOMINGO DA PÁSCOA – C
POR: PADRE WAGNER AUGUSTO PORTUGAL
"Anunciai com gritos de alegria,
proclamai até os extremos da terra: o Senhor libertou o seu povo,
aleluia!".
MEUS QUERIDOS IRMÃOS,
Este domingo vai nos antecipar as
meditações próprias do domingo de Pentecostes sobre o Espírito Santo. João
chama pelo “Paráclito”, ou seja, pelo “assistente judicial” no processo do
cristão com o mundo, pois o “mundo” indiciou o Cristo e seus discípulos diante
do Tribunal de Pôncio Pilatos. Nesta situação, precisamos do Advogado que vem
de Deus mesmo e que toma o lugar do Cristo, já que seu testemunho vem da mesma
fonte, que é o Pai. Graças a este Paráclito a despedida de Jesus não nos coloca
numa situação de órfãos. Jesus anuncia para breve seu desaparecimento deste
mundo; o mundo não mais o verá. Mas os fiéis o verão, pois eles estão nele,
como ele está neles. Tudo isso, com a condição de guardar sua palavra, observar
seu mandamento de amor: na prática da caridade, ele fica presente no meio de
nós e seu Espírito nos assiste. E o próprio Pai nos ama.
IRMÃOS E IRMÃS,
A Primeira Leitura(cf. At.
15,1-2.22-29) apresenta o Concílio de Jerusalém. Nesse primeiro Concílio é
narrada a conversão de Cornélio(cf. At 10), a atividade de Paulo e Barnabé(cf.
At 13-14): o delicado problema da jovem Igreja, da admissão dos pagãos, sem que
passem pelo judaísmo, ou seja, sem que sejam circuncidados conforme prescrevia
a antiga lei judaica. O Concílio dos Apóstolos vê com clareza que não a Lei,
mas Cristo é que salva. Todavia, recomenda certas normas práticas para que não
sejam feridas as sensibilidades específicas dos cristãos vindos do judaísmo;
pois é para a fraternidade que Jesus nos salvou.
ESTIMADOS AMIGOS,
Vivemos um clima de despedida de
Jesus. Mais do que despedidas, temos presentes vários ensinamentos. Jesus
afirma que se manifesta a todos indistintamente e não somente aos apóstolos. Os
judeus queriam o Messias político e repleto de politicagem. Jesus vem na
contramão. Determina o fim do monopólio e das oligarquias e quer ser o salvador
de todos, sem exceção, de todos, pagãos e crentes, de todos os seres humanos.
Jesus hoje nos ensina que a
experiência de Deus é a experiência do amor. Do amor em íntima união com Deus,
e isso só pode acontecer quando observamos e vivemos na prática os santos
Evangelhos.
Hoje o Evangelho(cf. Jo 14,23-29) fala
que nós devemos “guardar a Palavra”. O que é “guardar a Palavra”? Guardar as palavras de Jesus é guardar a
Palavra de Deus. Não se trata de coisa decorada, mas vivificada, vivida e colocada
em prática. A Bíblia diria: gravada e fincada no coração.
Como está a nossa relação com a
Palavra de Deus? Uns se escandalizam com ela. Outros a admiram. Outros,
simplesmente, a rejeitam. Outros, ainda, são indiferentes. Muitos tentam
adaptar a palavra de Deus. Outros a deturpam escancaradamente. Alguns são
infiéis na divulgação e na vivência da Palavra santa.
Graças a Deus muitos vivem e guardam a
PALAVRA DE DEUS, não a letra, mas o espírito que vivifica a vida. Deus monta
morada e tenda em nosso meio pela vivência de sua palavra que é de salvação.
MEUS QUERIDOS IRMÃOS,
O que é guardar a palavra de Deus? É
pura e simplesmente viver o AMOR E A PARTILHA. Só ama aquele que sabe acolher a
Palavra de Deus e colocá-la em prática a serviço da solidariedade, da partilha
e da paz!
Deus já havia feito uma aliança com o
povo do Antigo Testamento. O Deus do Antigo Testamento é um Deus que dialoga,
que fala, que se manifesta, que delega a palavra a outros, que faz dela um
ensinamento, uma doutrina, uma lei. É um Deus que se torna vivo e presente pela
Palavra da Salvação.
Assim, ontem e hoje, cada profeta
recebe a palavra a seu modo, mas há nela sempre um encontro muito pessoal e um
comportamento com Deus. A palavra do profeta passa a ser palavra de Deus, ou seja,
o profeta fala em nome de Deus.
O profeta sempre transmite um recado
de Deus e não uma decisão ou uma reflexão própria: “Ouvi, céus, escuta, terra,
porque o Senhor fala: criei filhos e os fiz crescer, mas eles se rebelaram
contra mim(cf Is 1,2)”.
Muitas são as outras formas de ser
colocada a Palavra de Deus, como por exemplo, ameaça, julgamento e castigo,
norma, lei, mandamentos, fidelidade, amor. Em tudo devemos “deixar viver na
observância da palavra de Deus” (cf Sl 119,17).
Palavra de Deus dinâmica, viva e
concreta que deve ser vivida com amor e com grande carinho espiritual, em
perfeita comunhão com Deus.
CAROS IRMÃOS,
A Segunda Leitura(cf. Ap
21,10-14.22-23) nos apresenta o esplendor da nova Jerusalém. A nova Jerusalém,
vista pelo visionário, é, como a Igreja, fundada sobre o alicerce dos Apóstolos
e dos Profetas. Ela é totalmente diferente do mundo que conhecemos agora: ela é
santa, repleta de presença de Deus e do Cordeiro. A esta realidade deve aspirar
a História que fazemos. Por isso, é bom observarmos nessa Leitura os nomes das
doze tribos de Israel e dos doze Apóstolos, símbolos do novo povo de Deus
fundamentado nos apóstolos. A ausência do Templo – uma ideia cara ao Novo
Testamento, já que o Cristo substituiu o Templo de Jerusalém pelo seu corpo
ressuscitado(cf. Jo 2,18-22). Sua iluminação: a glória de Deus e o Cordeiro, a
sua lâmpada. Não se deve explicar muito estas imagens. Importa captar o que
elas querem sugerir, num espírito global. É uma cidade que tem doze portas com
os nomes das doze tribos, para acolhê-las no dia em que elas forem reunidas dos
quatro ventos, para existirem na paz messiânica, tendo por centro só e
exclusivamente Deus e o cordeiro. É a cidade para viver na presença de Deus e
de Cristo. E isto é a paz.
MEUS QUERIDOS IRMÃOS,
O Novo Testamento retoma a riqueza do
Antigo Testamento no sentido de centrar na pessoa de Jesus de Nazaré, profeta e
legislador, juiz e revelação de Deus, pois “A Palavra se fez carne e habitou
entre nós!”(cf Jo 1,14).
Há uma fundamental diferença entre a
Palavra dos Profetas e a Palavra de Jesus. No Antigo Testamento a Palavra era
dirigida ao profeta, que falava em nome de Deus. Cristo, no Novo Testamento, é
a palavra de Deus e fala com autoridade divina a ponto de identificar sua
pessoa e sua palavra. Acolher a palavra de Deus é aceitar a pessoa de Jesus,
crendo e fazendo de sua palavra CAMINHO, VERDADE E VIDA. O discípulo de Jesus
não procura os próprios interesses, mas a realização do projeto de Jesus. O
projeto de Jesus é a comunhão da criatura com o Criador. Deus se manifesta
nessa comunhão, em que não somos meros espectadores, mas participantes: Deus em
nós e nós em Deus!
Em miúdos, Deus todo Poderoso se fez
tão próximo de nós, fazendo de nós, comunidade crente, o seu espaço de vida e
de luz, não podemos deixar de louvá-lo e agradecê-lo por esta maravilha que ele
operou.
Um dia os templos materiais
desaparecerão: “Não vi nenhum templo nela, pois o seu templo é o Senhor, o Deus
todo-poderoso e o Cordeiro”, conforme nos ensina a segunda leitura de hoje
retirada do Livro do Apocalipse.
A cidade santa, Jerusalém, que descia
do céu, de junto de Deus, com a glória de Deus, representa a Igreja, toda ela
impregnada da glória de Deus e do Cordeiro. Verdadeiramente o Cordeiro imolado
e glorioso nos mereceu a graça de podermos participar desta maravilhosa
realidade. Por isso graças e louvores sejam dadas a todo momento, ao Senhor da
Vida e da História, Amém, Aleluia!
Fonte:
http://www.catequisar.com.br/texto/liturgia/2013/35.htm
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